O governador Beto Richa (PSDB) sai das eleições de 2012 sem
eleger seus candidatos nos dois maiores colégios eleitorais do estado: Curitiba
e Londrina. Juntas, as duas cidades representam 1,46 milhão de eleitores –
cerca de 19% do eleitorado total do estado. Depois de ver Luciano Ducci (PSB)
ser eliminado da disputa no primeiro turno em Curitiba, Richa não conseguiu
eleger Marcelo Belinati (PP), sobrinho do ex-prefeito Antonio Belinati, que
ontem perdeu para Alexandre Kireeff (PSD) em Londrina.
O PT, por sua vez, que ganhou pontos com o apoio ao prefeito
eleito ontem em Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), não obteve sucesso com a
candidatura própria no segundo turno em Maringá, Cascavel e Ponta Grossa.
Nessas cidades, venceram os candidatos apoiados por Richa.
Com o resultado final das eleições, o novo mapa político do
estado, segundo analistas, mostra uma polarização entre Curitiba e o interior.
A capital passa a ser dominada pela oposição, com a aliança entre PDT e o PT.
No interior, o grupo de Richa prevalece, sendo liderado pelo PSDB, que
conseguiu fazer o maior número de prefeituras – um total de 76 contra 42 na
eleição passada.
Tradicionalmente, o partido do governo, impulsionado pela
máquina pública, consegue eleger mais prefeituras. “Foi assim com o PDT e
depois o PFL de Jaime Lerner, como PMDB de Roberto Requião e agora o PSDB de
Beto Richa”, afirma Adriano Codato, professor de ciência política da
Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Mas apesar do avanço no interior, Richa perdeu pontos
importantes na disputa para 2014. “Curitiba é estratégica para qualquer eleição
e perder na capital é sempre ruim. Richa sai dessas eleições mais fraco do que
entrou”, avalia o professor de ciência política Renato Perissinotto, da UFPR.
O presidente em exercício do PSDB, Valdir Rossoni, faz
leitura diferente. Na avaliação dele, o balanço das urnas é positivo para os
tucanos. “Nós não podemos esconder que perdemos a capital, mas 75% dos
prefeitos dos municípios do Paraná são aliados nossos”, diz.
Do lado oposto, o secretário de comunicação do PT Nacional e
deputado federal, André Vargas (PR), diz que o partido vai se apresentar com
uma candidatura de oposição ao atual governador, independente de quem dispute.
“Pode ser a ministra Gleisi Hoffmann, o ministro Paulo Bernardo ou podemos
apoiar o PDT com o Osmar Dias”, afirma.
Mas se por um lado a vitória de Fruet pode pavimentar uma
eventual candidatura petista ao governo, por outro ainda pairam dúvidas sobre a
capacidade do novo prefeito transferir votos para um candidato petista. “Há uma
parcela do eleitorado de Curitiba que tem forte resistência ao PT. Tudo vai
depender de como Fruet se sairá na prefeitura e de como Richa vai se colocar
nos próximos anos”, diz Perissinotto. (Fonte: Gazeta do Povo)