sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Cidades do Paraná receberão reforço policial nas eleições


Quinze municípios do Paraná, vão receber reforço no policiamento durante a semana das eleições. Os locais, definidos em conjunto pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) e a secretaria de Estado de Segurança Pública, são considerados como prováveis pontos de conflitos entre eleitores ou de práticas de crimes eleitorais.
Em uma lista parcial, que pode ser ampliada no decorrer da próxima semana, já está definido o reforço policial para as cidades de Rio Branco do Sul e Campo Largo (na região metropolitana de Curitiba); Cidade Gaúcha, Icaraíma, Iporã, Francisco Alves, Xambrê, Cafezal do Sul (no Noroeste do estado); Iracema do Oeste, Nova Laranjeiras, Santa Helena (região Oeste do Paraná); Iretama, Roncador (no Centro-Oeste); além de Reserva e Manoel Ribas (na área Central do estado).

Os locais foram definidos por meio de informações repassadas pela Justiça Eleitoral e monitoramento policial no período eleitoral. De acordo com a assessoria do TRE, a definição de pontos críticos levou em consideração ainda, o histórico de confrontos entre adversários e de ocorrências de crimes eleitorais em campanhas anteriores.
No mês passado, policiais realizaram operação preventiva nos municípios de Braganey e Iguatu, no Oeste do estado, para desarmamento de pessoas ligadas a campanha eleitorais.Com a participação de policiais do Bope de Curitiba, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em residências de várias pessoas envolvidas na campanha eleitoral. Dez armas e mais de 400 munições foram apreendidas e cinco pessoas foram detidas. A justiça eleitoral havia recebido informações de um possível confronto armado entre adversários políticos. Nas eleições de 2008, um cabo eleitoral foi atingido com cinco tiros em frente à casa de um candidato a prefeito da cidade de Braganey.
Fraudes
Além de atuar no desarmamento de eleitores, a ação policial nas cidades do interior pretende prevenir a ocorrência de crimes eleitorais, que podem deflagrar atos de violência.Na reta final da campanha, oponentes políticos se valem da divulgação de boatos e de distribuição de folhetos apócrifos (sem autoria conhecida) para ataques pessoais, tumultuando o processo eleitoral.
Um exemplo da situação foi registrado em Ubiratã, no Centro Oeste do estado, onde o candidato a prefeito Celso Fogliatto (PDT) procurou a polícia para denunciar a divulgação de boatos, imputando a ele a autoria de um crime punido pelo código penal. De acordo com a Polícia Civil da cidade, não há registro do nome do empresário com a suposta prática do crime atribuído a ele.Como norma, o Terra não nomina a atribuição de crimes sem comprovação.
Fogliatto disse ter sido surpreendido nos últimos dias por eleitores cobrando explicações sobre a suposta prática criminosa. "Tentaram me transformar em um monstro do dia para noite. Fui acusado de algo que não tinha conhecimento. Minha sorte é que tenho total confiança de minha família, caso contrário, hoje estaria sem mulher e filhos por causa da política. Ainda me custa acreditar que fizeram isso por causa da eleição.", disse ele.
O candidato afirmou que ao investigar a origem dos boatos, membros de sua coligação receberam informações que impressos apócrifos estavam sendo preparados para distribuição com a falsa denúncia. "A farsa montada poderia desencadear confrontos na cidade. Mas preferi comunicar o caso a polícia e ao MP como prevenção", afirmou o candidato, que disse que não pode identificar "com certeza" os autores do boato, mas atribui o caso aos adversários da campanha. "Se eu acusasse alguém diretamente como autor, seria leviano. Mas, adversários que mantém páginas em uma rede social têm compartilhado links com notícias sobre o crime que fui acusado. Esses links levam a notícias de crimes cometidos em outras regiões do país. É uma tentativa subliminar de tentar associar a minha imagem com o crime. Uma estratégia sub-reptícia".
"Ferreirinha"
De acordo com o cientista politico Mario Sérgio Lepre, professor da PUCPR, coligações partidárias ainda adotam os ataques pessoais como trunfo político nas pequenas cidades nos últimos dias da campanha. "Sem tempo de resposta ao adversário, eles divulgam dossiês ou publicam inverdades como denúncia, muitas vezes, usando órgão de comunicação atrelados ou através de folhetos apócrifos. Isso infelizmente, ainda dá resultado em pequenos municípios, onde os eleitores tem pouco acesso a informação e, em alguns casos, garante a vitória nas urnas".
Para Lepre, no Paraná, o recurso ilegal tem como referência o "Caso Ferreirinha". Na campanha de 1990, a coordenação da campanha do atual senador Roberto Requião apresentou um suposto pistoleiro chamado "Ferreirinha", que teria matado pessoas a mando da família do candidato adversário José Carlos Martinez, já falecido. A "denúncia", apresentada nos últimos dias da eleição, foi considerado como fraude pela justiça. Mesmo com o mandato cassado pelo crime, Requião cumpriu seu mandato até o final.
"É essa visão que ainda predomina no interior. Isso só vai mudar com investimentos na Educação. Quando o eleitor for consciente e filtrar as informações, esse golpe deixará de existir. Por enquanto, o coronelismo presente no interior e a desinformação permite que esses crimes sejam cometidos, em alguns casos com sucesso", afirma Lepre.

LEIA A REPORTAGEM DA GAZETA DO POVO

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