sábado, 25 de agosto de 2012

Pai de menino acorrentado desabafa em entrevista


Detido na 1ª Cia da PM de Santo Antônio da Platina, Norte do Paraná, o pai que acorrentou o menino de nove anos, justificou em entrevista que o filho já praticou inúmeros roubos e que não teve ajuda das autoridades para resolver o problema. Por isso, acorrentou a criança, com o consentimento da mãe.
“Casado tenho cinco filhos, nunca relei a mão em nenhum filho meu. Larguei casa, larguei esposa. To morando com a essa mulher (mãe no menino) à sete anos. Ela concordou plenamente comigo em amarrar a criança”, justificou o mecânico.
“Você sabe que agora, por mais que você tenha tido uma boa intenção, vocês vão responder judicialmente, pela atitude que vocês tiveram?”, perguntou o repórter.
“Com certeza. Só que acontece que eu não vou criar um moleque ladrão, maconheiro e bandido dentro da minha casa. Amanhã ou depois, vocês jogarem na minha cara que eu não fui pai e não pude educar. Eu levei ele para a oficina, ele roubou a oficina. Entrou dentro da oficina e roubou pendrive. Entrou dentro da Sanga e mexeu nos carros e não tem porque mexer. Ontem, na minha carteira sumiu R$ 20,00. Ele abre a bolsa da mãe dele e rouba dinheiro. A própria escola pode falar para vocês, que ele apareceu dentro da escola com R$ 200,00. A professora enrolou o dinheiro, me chamou e me devolveu. A hora que eu fui buscá-lo ela me devolveu o dinheiro. A hora que eu to chegando pro almoço na minha casa, ele estava com uma bicicleta empurrando, e na verdade, é o dinheiro de eu pagar o aluguel: R$ 300,00; Ele comprou a bicicleta e falou que ‘meu amigo me deu, essa bicicleta’. Então eu falei, a gente vai lá e você vai mostrar pra mim se realmente o teu amigo te deu a bicicleta. Você sabe o que ele me fez? Cheguei na porta da casa do moleque e ele deu de dedo: ‘Você deu ou não deu essa bicicleta pra mim?! Deu ou não deu, a bicicleta’. Tipo, intimando o moleque a mentir”, afirmou o pai.
“Mas a pergunta que eu te faço é a seguinte: Com tanta coisa errada, tanta situação que já chamou a atenção de vocês, da própria escola, da família, não era o caso de procurarem a Polícia Militar e falarem: ‘Tá assim! Não estamos conseguindo. Eu preciso que judicialmente vocês me ajudem de alguma forma. Fazer algo para essa criança de nove anos, que vai virar bandido. Ao invés de acorrentar essa criança em casa”, indagou o repórter do NP Agora.
“Eu já liguei aqui (PM). Eu não, a minha esposa já ligou, acho umas três ou quatro vezes. Mas ele sai de casa, ele some. Ele não fica em casa”, reafirmou o pai.
O caso
O menino de nove anos foi encontrado pela Polícia Militar acorrentado em casa, ontem (23), em um bairro de Santo Antônio da Platina, na região Norte do Paraná. O menino estava sozinho e a corrente, com cerca de dois metros, com cadeados, prendia a criança à sua cama.
O garoto não tinha comida, água ou banheiro ao seu alcance, e segundo apurou-se os pais o deixavam assim quando saiam para trabalhar. A mãe trabalha no comércio e o pai é mecânico. Os policiais chegaram até a casa depois de denúncias anônimas. Eles usaram uma serra para romper a corrente e libertar o menino.

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